Patrimônio Histórico e Urbânidade em Rio Grande:

A cidade do Rio Grande por sua tradição histórica e por sua importância dentro do cenário ecônomico do Brasil sul meridional sempre foi uma região de confluência de interesses dos mais diversos povos e de tendências políticas ou ecônomicas. no decorrer destes ultimos duzentos e setenta e três anos a cidade se desenvolveu apesar de todas as dificuldades que enfrentou: problemas com imigração, conflito de fronteiras, dificuldades com a natureza, invasões espanholas e crises ecônomicas. superados esses problemas com muito sangue, suor e lágrimas, foi notável o desenvolvimento desta cidade, pois, muito fácil é observar o crescimento que se consubstanciou na forma de nossos prédios históricos e realizações culturais, entre elas podemos citar: a primeira biblioteca do RS, Câmara de Vereadores, industria textil, linha de bondes regular e refinaria de petróleo do país, entre outras.

Fica estabelecido que é na observação e valorização do nosso rico passado e nas nossas construções históricas que estão as soluções para os problemas de nossa cidade. Hoje nas grandes capitais da Europa o turismo histórico é uma realidade, pense nisso e vamos mudar a conjuntura....


domingo, 31 de outubro de 2010

IGREJA DE SÃO PEDRO (1755):

Mandada construir pelo Governador e Capitão General Gomes Freire de Andrada, a igreja, considerando a época de sua construção, obedece de um modo geral às linhas do barroco-tardio, deixando transparecer em muitos detalhes, traços que lembram outros estilos. O acabamento pobre, de um gosto severo e frio que se revela na sua ornamentação e na nudez das suas paredes, é condizente com o tempo, com a gente e com o lugar, ainda mais se lembrarmos que ligando o porto da cidade do Rio Grande ao Atlântico, através da barra, há um canal de acesso que abrange uma distância de dezesseis quilômetros; na época, somente na margem direita deste canal havia oito fortes destinados a guarnecerem a praça por diversas vezes ameaçada, e que chegou a estar militarmente sob o domínio dos espanhóis por treze anos (24/04/1763 a 02/04/1776). A vila do Rio Grande de São Pedro dos idos de 1700 esteve muito longe de ser uma "Vila Rica". Haja vista a extrema simplicidade com que foi ornamentada a sua igreja, hoje reconhecida como um dos mais expressivos monumentos históricos e artísticos do Rio Grande do Sul. Afinal, a econômia minguada, a inospitalidade da povoação nascida como praça de guerra e a belicosidade existente na área desencorajariam a permanência ali de qualquer artista de renome. Se lembrarmos que até o planificador da igreja foi um militar: Manuel Vieira Leão, na oportunidade ajudante de artilharia com serviço de engenharia, somos até levados a pensar que na igreja do Rio Grande outros Vieiras devem ter proferido sermões "pelo bom sucesso das armas de Portugal", desta feita, contra as armas da Espanha. Há mais de dois séculos que gerações de pecadores e justos ali vão, e sob o seu teto, no seio dos seus Santos, sem prestarem atenção ao estilo, à tradição ou às raridades que o templo guarda, buscam encontrar o perdão e a paz. Apesar de ter sido despojada de muitas preciosidades, a Catedral conserva ainda entre suas alfaias muitas peças de raro valor. Sob seus altares e assoalhos jazem os restos mortais de figuras expônenciais da época colonial. Há um nicho numa parede, onde estão os despojos de Rafael Pinto Bandeira, " a maior espada continentina", herói rio-grandino cujo destaque como combatente na reconquista da Província do Rio Grande de São Pedro, o tornou digno de receber de D. Maria I, Rainha de Portugal, além de terras e honrarias, a patente de General-Brigadeiro do Exército português. Uma placa de mármore afixada na sua fachada reproduz uma declaração de próprio punho do Marquês de Tamandaré, onde o herói da guerra do Paraguai, também filho do Rio Grande, dá testemunho de ter sido ali batizado às pressas, pois apresentava perigo de morte ao nascer.

SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES....

Recentemente mostrei esta foto a uma colega de curso tentando divulgar meu blog, e ela ao observar ficou mais que surpresa com a bela imagem do templo religioso mostrado através do mesmo. Para minha surpresa ela me perguntou: onde fica este belo local? demonstrando desconhecer a Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Mais uma vez se confirma o ditado quando diz: "santo de casa não faz milagres", afinal para que Rio Grande se podemos sonhar com Londres, Paris ou Nova Yorque?

ESTRATÉGIAS DESTRUIDORAS.....

Nas idas e vindas pela cidade, através de um olhar mais apurado podemos constatar os muitos exemplos do descaso e da falta de conciência no que tange a preservação do nosso rico patrimônio histórico. Esta residência situada a Rua Barão de Cotegipe nº 115, é um exemplo marcante da atitude pouco ética e destruidora de alguns proprietários, pois apesar de esta bela casa verde estar listada no inventário de bens de interesse cultural da Prefeitura Municipal do Rio Grande ela não existe mais, deu lugar a este sobrado. A princípio, com vistas a mascarar a nova construção, foi mantida a fachada original, construindo em seu interior, para que quando a nova estrutura estivesse finalizada, fôsse derrubada a fachada antiga, acabando assim com o que restava da estrutura mais que centenária. Do mesmo modo consegui identificar mais dois exemplos desse tipo, um na rua Francisco Marques e outro na rua Doutor Nascimento, estes ainda em processo de construção, mantendo até não se sabe quando a fachada original, uma questão de tempo para que tudo seja posto a baixo. Atitudes como essa são deploráveis e atestam a ignorância e a falta de sensibilidade de alguns proprietários no que tange a importância da manutenção das estruturas originais. Devemos procurar "ver" mais nossa cidade, aumentando nosso sentimento de pertença em relação a mesma, aumentará da mesma forma nosso entendimento de mante-la integra para as gerações futuras.



RUÍNAS DO RIO GRANDE:

O transeunte vive em estado de alerta, numa extrema atenção que visa, antes de tudo, à sua própria sobrevivência. Seu olhar não pode demorar-se em nenhum ponto do mundo que o circunda, pois poderá ser tarde demais: por isso ele não espera que aquilo que vê o olhe, não anima mais o inanimado. Decadência da aura, crise da experiência: o transeunte perde a memória e com isso, a identidade. (Machado, in: OLIVEIRA e SANTANELLA, 1987:107).
Inserido no ritmo vertiginoso do cotidiano, o homem lança sobre a cidade um olhar retificado. Ele reconhece diariamente as trilhas que o conduzem a seus objetivos imediatos, sem que necessariamente perceba que é parte integrante e pulsante daquele espaço físico com uma história representativa que, mais do que um espaço político representa o ideal ético da comunidade. Vivemos tempos onde a única lógica parece ser a do consumo alienado dos signos. A dinâmica da contemporaneidade e o processo de aculturação gerado pela globalização provocam um jogo de dissolvências reforçado pela opacidade da urbe, geralmente imersa numa massa de signos. De acordo com um processo que propõe a diluição das fronteiras nacionais, as marcas diferenciadoras dos múltiplos espaços tendem a desaparecer, intensificando a uniformização da cultura e padronizando o comportamento. Com isso as cidades transformam-se em grandes massas urbanas destituídas de individualidade, onde o dinamismo da vida contemporânea conduz ao descartável. A paisagem urbana contemporânea é a expressão dos desequilíbrios econômicos, ecológicos e espaciais que marcaram o século xx.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

FONTES PRIMÁRIAS PARA PESQUISA: Rio Grande.

Para todos aqueles que tem interesse em conhecer um pouco mais sobre a história do município do Rio Grande, ou necessitam de fontes primárias para pesquisa acadêmica, escolar ou mesmo curiosidade pelos fatos do passado, tenho arquivados os três últimos anos da revista "O Peixeiro" publicados no jornal AGORA, matérias vinculadas na coluna do Professor Luiz Henrique Torres, abordando os mais variados aspectos e acontecimentos relativos ao desenvolvimento histórico da cidade onde nasceu o Rio Grande do Sul. Para os interessados pelos temas, basta enviar e-mail para jefferson1965@hotmail.com solicitando qual titulo de interesse para sua pesquisa,que prontamente disponibilizarei as cópias escaneadas sem qualquer custo. Segue abaixo uma lista com os temas arquivados: Basta clicar nas tabelas para ter a imagem ampliada.


domingo, 24 de outubro de 2010

INFLUÊNCIA DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ EM RIO GRANDE:

A entrada dos imigrantes alemães no Rio Grande do Sul a partir de 25 de julho de 1824 marca um ponto de inflexão na cultura, econômia e sociedade gaúchos. Os imigrantes trazem um novo ânimo a econômia rio-grandense. Sua contribuição na cidade do Rio Grande ficou fortemente marcada no comércio atacadista de importação e exportação. Esse comércio foi responsável pela acumulação de capital primitivo que possibilitaria o surgimento da industrialização em nossa cidade e na fundação de clubes, sociedades filantrópicas e culturais de origem germânica. Muito pouco foi escrito sobre a presença germânica na cidade Noiva do Mar, sobre seus hábitos culturais, trabalho e dificuldades enfrentadas na adaptação a nova terra, assim como sobre sua influência em nossa cultura e as perseguições que os mesmos sofreram a partir da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial em 1942. Muito há que ser feito para que possamos compreender a real importância dos teotônicos em nossa terra dando a estes o valor devido. O livro de Wagner Philip Portella Heinz, carregado de uma abordagem clara e muito simples mesmo aos leigos, tenta resgatar pelo menos em parte, a memória daqueles que com tanto esforço e trabalho contribuiram de maneira marcante com seus saberes, técnica e labor para o crescimento da terra de Silva Paes. Recomendo esta excelente obra a todos.....boa leitura!