Os
sepultamentos na Cidade do Rio Grande eram realizados em meados do século XIX junto aos templos. O primeiro cemitério da
cidade foi erguido junto a Igreja do Bom Fim, pela Irmandade do Santíssimo
Sacramento, em 1834, ao sul dos antigos
limites urbanos da cidade velha. A limitação em área desse cemitério e as
freqüentes epidemias que assolavam a população, como a da cólera registrada em 1855, fizeram com que as autoridades buscassem
outra área para construção de um novo cemitério. Este foi deslocado inicialmente
para junto às trincheiras e posteriormente para a área em que permanece até os
dias de hoje, ou seja, mantendo uma distância suficientemente segura para
evitar contaminação da população pelos corpos vitimados pelas doenças
contagiosas. Os primeiros sepultamentos ocorreram em 1861 e a partir de 1863 a
municipalidade entregou a administração da necrópole para a Santa Casa de
Misericórdia, e assim permanece até a atualidade.
As diferenças
religiosas e sociais já ficavam registradas no período, pois ao lado do
cemitério católico foi erguido o cemitério protestante, cujo primeiro túmulo
data de 25 de fevereiro de 1856. Além do mais, os corpos de indigentes,
prostitutas, escravos e outros indivíduos excluídos da sociedade eram
enterrados numa área próxima aos novos cemitérios, porém fora dos limites
destes, denominada cemitério dos proscritos.
O atual
monumento ao trabalhador, na praça em frente à Igreja do Bom fim era o local onde até 1855/1856
servia de ambiente para os sepultamentos na Cidade do Rio Grande e quem passa
nos dias de hoje pelas cercanias, pelo menos na maioria dos transeuntes não tem
idéia de que neste local que tinha sua entrada junto a Rua Andradas, ficavam
depositados os mortos da cidade até a dada da transferência para o atual campo santo
localizado na Rua 2 de Novembro.
Fonte: MARTINS, Solismar Fraga.Cidade do Rio Grande, Industrialização e Urbanidade (1873-1991). Rio Grande, Editora da Furg. 2006.