segunda-feira, 26 de agosto de 2013
TRANSPORTE URBANO NO RIO GRANDE:
O
transporte urbano coletivo parece ter tido início nos primeiros anos
da década de 1850 por meio de carretões, espécie de ônibus
puxados por cavalos e mesmo bois. Em 1884 foi fundada a Companhia
Carris Urbanos do Rio Grande, transportando passageiros em vagões
sobre trilhos e puxados por burros ou a vapor. Os bondes a tração
animal desapareceram em 1922; todavia, vagões puxados por pequenas
locomotivas e bondes movidos a eletricidade (a maioria importados da
Inglaterra) continuaram a existir.
Os
bondes anunciavam, pelos seus itinerários, que a cidade se expandia
e que as necessidades da população em se locomover aumentavam. Eram
sinal de mudanças. Viajar ou passear, por um quarto de hora ou por
meia hora ao lado de um desconhecido, sem dirigir-lhe a palavra, ou
então trocar conversa formalmente sobre a política ou os costumes,
com alguém que não se sabia exatamente quem era, revelava o sinal
de novos tempos que o bonde poderia proporcionar. A eletricidade,
força motriz oculta para o olhos, que não podia ser vítima das
chacotas ou apelidos como os burros, reforçou ainda mais a veneração
do progresso industrial e dos avanços da racionalidade científica.
Em
1931, Rio Grande possuía 16 bondes elétricos. Em 1935, 22 carros,
em 1940, 42 unidades e um total de 24.500 km de linhas urbanas, com
movimento de 5.386.841 passageiros nesse ano. Era comum nos
prospectos publicitários dos cine-teatros locais o anúncio:
“haverá bonds para todas as linhas depois do espetáculo”, o que
certamente favorecia a frequência às casas de espetáculos e a vida
noturna. O historiador Antenor Monteiro, em sua coluna intitulada
“Rebuscos”, publicada pelo Jornal Rio Grande, afirma que em 15 de
novembro de 1912 foi oficialmente inaugurada a tração elétrica e
em fins de dezembro começa o tráfego dos bondes pela Linha do
Parque, partindo os carros da então Praça da Caridade (hoje Praça
Barão de São José do Norte), de onde seguia pelas ruas Aquidaban e
Marechal Deodoro. Com a inauguração em 15 de novembro de 1922, das
linhas Poester e Matadouro, desaparecem os bondes de tração animal,
que ainda eram utilizados em algumas linhas.
Na
década de 40 a Prefeitura Municipal, que administrava o transporte
urbano através do Serviço Rio-Grandino de Transportes Coletivos,
adquire bondes modernos, logo apelidados pelo povo de “bonde
saféte”, certamente porque vinha escrito no estribo, que abria
automaticamente junto com a porta o termo inglês “safety”.
O
primeiro ônibus da cidade foi inaugurado em outubro de 1939, com
capacidade para 30 passageiros. Ao lado dos transportes públicos,
circulava pelas ruas um tráfego de transeuntes, carroças, coches e
automóveis particulares, um dos grandes símbolos da modernidade que
batia a porta.
Referências:
BITTENCOURT, Ezio da
Rocha. Da rua ao teatro, os prazeres de uma cidade: sociabilidades
e cultura no Brasil Meridional. Rio Grande, editora da
Furg, 2007.
SOARES,
Célio. Ecos do Passado. Rio Grande: Editora da
Furg, 2010.
sábado, 24 de agosto de 2013
Apenas para lembrar a alienação causada pela mídia de massa...
O ANALFABETO POLÍTICO:
O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos.
E nem não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta,
O menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilantra, o corrupto e o espoliador
Das empresas nacionais e multinacionais.
Bertold Brecht.
O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos.
E nem não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta,
O menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilantra, o corrupto e o espoliador
Das empresas nacionais e multinacionais.
Bertold Brecht.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
FILME: O Ébrio (1947)
Ha
66 anos o publico rio-grandino teve a oportunidade de assistir a um
dos maiores sucessos da cinematografia nacional. No dia 30 de abril
de 1947 estreava no Cine Carlos Gomes, Politheama e Cine Avenida, em
três seções diárias, o filme O Ébrio, estrelado pelo
cantor Vicente Celestino. No dia 3 de maio. A película já estava em
exibição nos cinemas 7 de Setembro e Guarany, permanecendo em
cartaz por uma semana, sempre com lotação esgotada.
Produção
da Cinédia, de 1946, dirigida por Gilda de Abreu, nos primeiros
quatro anos de exibição em todo o Brasil, o filme levou mais de
quatro milhões de expectadores as salas de cinema, um verdadeiro
marco não só para a época, mas para todas as produções
nacionais. Movida por lágrimas e canções entoadas por Vicente
Celestino, a história conta o drama de um médico de prestigio que
se entrega ao alcoolismo e perde o amor de sua mulher, que o abandona
por outro homem.
Um
dos cantores mais populares do rádio e do disco, cuja gravação da
canção-título do filme vinha fazendo sucesso nas emissoras de todo
o país, Vicente Celestino, graças ao sucesso do seu papel, passou a
ser encarado por muitos como alcoólatra, quando na realidade jamais
bebeu em toda sua vida.
O
filme, um clássico do cinema nacional, foi recentemente restaurado
pela Cinédia, com cerca de 500 cópias espalhadas pelo país, sendo
assistido principalmente pelos mais idosos, que tem a oportunidade de
rever um dos maiores ídolos da música popular brasileira.
Referências:
SOARES, Célio. Ecos do Passado. Rio Grande: Editora da Furg,
2010.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
domingo, 18 de agosto de 2013
JOGO DO ENTRUDO NA CIDADE DO RIO GRANDE: 1808
Aventuras carnavalescas de John
Luccock na Cidade do Rio Grande:
Nos idos de 1808, passando pela cidade do Rio Grande, o inglês John
Luccock teve a ventura de ser colhido pelo demônio carnavalesco –
do que nos fornece risonho depoimento. “Logo depois de nossa
chegada – registra ele em seu diário – entrou a quaresma. Os
três primeiros dias dessa época são sempre destinados a folguedos
entre o povo. A esses dias chamam Entrudo, durante
os quais munem-se
de umas bolinhas ocas feitas de cera colorida, do tamanho e forma de
uma laranja, enchem-nas com água
e lançam-nas uns nos outros até que os combatentes ficam totalmente
molhados. Conjectura-se que essa usança tem origem num dos modos
extravagantes porque os padres comunicavam a água
do batismo a pessoas refratarias a recebê-lo
e, assim, as ganhavam para o reino dos céus. Como quer que seja,
estava em grande moda, pela mesma época, uma outra graçola que
dificilmente poderá filiar à origem religiosa. Enchiam de farinha
de trigo uns cartuchos de
papel e se emboscavam à espera do pobre negro distraído
para, de supetão,
branqueá-lo
da cabeça aos pés.
No
dia em que se iniciaram esses recreios, indo nós, ingleses, a
cavalo, em demanda da casa de um espanhol, cerca de três
milhas da cidade, tomamos por atalhos na esperança de cortar o banho
a que todos estavam igualmente expostos. Não
tínhamos,
entretanto, caminhado muito, quando fomos assediados com uma chuva de
bolas que nos puseram em franca debandada. Minha montaria era a
melhor do que a de meus companheiros. Fujo
a galope e, olhando para trás,
vejo um de nossos homens já apeado, a quem rudemente esmurravam. E
devo confessar que ele bem merecia o castigo por se ter deixado
exasperar, a ponto de responder às balas de água
com projeteis assaz impróprios!
Reconstituindo o grupo, eu, uma vez
mais, fui indo na dianteira e assim cortei muitos tiros avulsos, mas
nem bem chegava à Igreja, quando de um de seus flancos dispararam
sobre mim, com mão certeira, alguns limões, um dois quais por pouco
me torna inábil
a mão que sustinha a rédea, em desabalada carreira galguei um
outeiro arenoso, de onde apreciei a escaramuça entre os meus amigos
e as encantadoras amazonas que se tinham entocaiado. Eram as filhas
do governador que, em seu
esconderijo bem municiado, aguardavam a nossa passagem. A refrega, se
nos ensopou, transmitiu-nos também boa dose de bom humor de nossas
adversárias. Até o nosso infortunado companheiro conseguiu perder a
negra sombra que lhe invadira a alma”.
Referencias:
DAMACENO, Athos. O carnaval porto-alegrense no século XIX.
Porto Alegre: Livraria do Globo, 1970.
No
Brasil, a folia anual é originaria do entrudo, festa pagã europeia
que chegou ao país com os colonizadores portugueses. Era realizado
entre famílias amigas ou pessoas conhecidas, ganhando mais tarde as
ruas, envolvendo desconhecidos, atingidos por baldes de água,
farinha, cinzas, lama, casas ficavam inundadas, passantes nas ruas
encharcados e todos, senhores, escravos, senhorinhas e mucamas, se
divertiam, foi proibida oficialmente e aos poucos incorporou
elementos como confete, a serpentina e limõezinhos de cera, cheios
de água perfumada.
Assinar:
Postagens (Atom)