Patrimônio Histórico e Urbânidade em Rio Grande:

A cidade do Rio Grande por sua tradição histórica e por sua importância dentro do cenário ecônomico do Brasil sul meridional sempre foi uma região de confluência de interesses dos mais diversos povos e de tendências políticas ou ecônomicas. no decorrer destes ultimos duzentos e setenta e três anos a cidade se desenvolveu apesar de todas as dificuldades que enfrentou: problemas com imigração, conflito de fronteiras, dificuldades com a natureza, invasões espanholas e crises ecônomicas. superados esses problemas com muito sangue, suor e lágrimas, foi notável o desenvolvimento desta cidade, pois, muito fácil é observar o crescimento que se consubstanciou na forma de nossos prédios históricos e realizações culturais, entre elas podemos citar: a primeira biblioteca do RS, Câmara de Vereadores, industria textil, linha de bondes regular e refinaria de petróleo do país, entre outras.

Fica estabelecido que é na observação e valorização do nosso rico passado e nas nossas construções históricas que estão as soluções para os problemas de nossa cidade. Hoje nas grandes capitais da Europa o turismo histórico é uma realidade, pense nisso e vamos mudar a conjuntura....


domingo, 18 de agosto de 2013

JOGO DO ENTRUDO NA CIDADE DO RIO GRANDE: 1808

Aventuras carnavalescas de John Luccock na Cidade do Rio Grande:

Nos idos de 1808, passando pela cidade do Rio Grande, o inglês John Luccock teve a ventura de ser colhido pelo demônio carnavalesco – do que nos fornece risonho depoimento. “Logo depois de nossa chegada – registra ele em seu diário – entrou a quaresma. Os três primeiros dias dessa época são sempre destinados a folguedos entre o povo. A esses dias chamam Entrudo, durante os quais munem-se de umas bolinhas ocas feitas de cera colorida, do tamanho e forma de uma laranja, enchem-nas com água e lançam-nas uns nos outros até que os combatentes ficam totalmente molhados. Conjectura-se que essa usança tem origem num dos modos extravagantes porque os padres comunicavam a água do batismo a pessoas refratarias a recebê-lo e, assim, as ganhavam para o reino dos céus. Como quer que seja, estava em grande moda, pela mesma época, uma outra graçola que dificilmente poderá filiar à origem religiosa. Enchiam de farinha de trigo uns cartuchos de papel e se emboscavam à espera do pobre negro distraído para, de supetão, branqueá-lo da cabeça aos pés.
No dia em que se iniciaram esses recreios, indo nós, ingleses, a cavalo, em demanda da casa de um espanhol, cerca de três milhas da cidade, tomamos por atalhos na esperança de cortar o banho a que todos estavam igualmente expostos. Não tínhamos, entretanto, caminhado muito, quando fomos assediados com uma chuva de bolas que nos puseram em franca debandada. Minha montaria era a melhor do que a de meus companheiros. Fujo a galope e, olhando para trás, vejo um de nossos homens já apeado, a quem rudemente esmurravam. E devo confessar que ele bem merecia o castigo por se ter deixado exasperar, a ponto de responder às balas de água com projeteis assaz impróprios!
Reconstituindo o grupo, eu, uma vez mais, fui indo na dianteira e assim cortei muitos tiros avulsos, mas nem bem chegava à Igreja, quando de um de seus flancos dispararam sobre mim, com mão certeira, alguns limões, um dois quais por pouco me torna inábil a mão que sustinha a rédea, em desabalada carreira galguei um outeiro arenoso, de onde apreciei a escaramuça entre os meus amigos e as encantadoras amazonas que se tinham entocaiado. Eram as filhas do governador que, em seu esconderijo bem municiado, aguardavam a nossa passagem. A refrega, se nos ensopou, transmitiu-nos também boa dose de bom humor de nossas adversárias. Até o nosso infortunado companheiro conseguiu perder a negra sombra que lhe invadira a alma”.

Referencias: DAMACENO, Athos. O carnaval porto-alegrense no século XIX. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1970.


No Brasil, a folia anual é originaria do entrudo, festa pagã europeia que chegou ao país com os colonizadores portugueses. Era realizado entre famílias amigas ou pessoas conhecidas, ganhando mais tarde as ruas, envolvendo desconhecidos, atingidos por baldes de água, farinha, cinzas, lama, casas ficavam inundadas, passantes nas ruas encharcados e todos, senhores, escravos, senhorinhas e mucamas, se divertiam, foi proibida oficialmente e aos poucos incorporou elementos como confete, a serpentina e limõezinhos de cera, cheios de água perfumada.

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