Patrimônio Histórico e Urbânidade em Rio Grande:

A cidade do Rio Grande por sua tradição histórica e por sua importância dentro do cenário ecônomico do Brasil sul meridional sempre foi uma região de confluência de interesses dos mais diversos povos e de tendências políticas ou ecônomicas. no decorrer destes ultimos duzentos e setenta e três anos a cidade se desenvolveu apesar de todas as dificuldades que enfrentou: problemas com imigração, conflito de fronteiras, dificuldades com a natureza, invasões espanholas e crises ecônomicas. superados esses problemas com muito sangue, suor e lágrimas, foi notável o desenvolvimento desta cidade, pois, muito fácil é observar o crescimento que se consubstanciou na forma de nossos prédios históricos e realizações culturais, entre elas podemos citar: a primeira biblioteca do RS, Câmara de Vereadores, industria textil, linha de bondes regular e refinaria de petróleo do país, entre outras.

Fica estabelecido que é na observação e valorização do nosso rico passado e nas nossas construções históricas que estão as soluções para os problemas de nossa cidade. Hoje nas grandes capitais da Europa o turismo histórico é uma realidade, pense nisso e vamos mudar a conjuntura....


sábado, 21 de fevereiro de 2015

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO: Um histórico


A Igreja do Carmo é a melhor representante do estilo Neogótico em Rio Grande, a qual nos mostra a ruptura da estética colonial portuguesa e a religiosidade de um povo que expressa através do monumental, mas antes desse magnífico templo a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo possuía uma igreja muito simples na cidade marítima, a então Vila do Rio Grande do Sul.

 Por decreto de 26 de fevereiro de 1777, do então principal e geral do Convento do Carmo do Rio de Janeiro, Frei Antônio das Chagas é autorizada a criação da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, sendo comissário, o reverendíssimo Padre Luiz de Medeiros Corrêa que delega seus poderes ao Vigário da Vara e Freguesia na Vila do Rio Grande, Padre José Gomes de Farias. Em 1780 é bento um altar, na matriz de São Pedro. Como a devoção a Nossa Senhora do Carmo estava crescendo, a Ordem Terceira do Carmo procura uma sede própria, afastando-se do local de origem, edificando a sua igreja.


Em 1800 dá-se início a construção da igreja, sendo erguida no centro da Rua Dezesseis, tinha a frente para a Rua da Praia (depois Dom Pedro II e hoje Marechal Floriano), o estilo arquitetônico baseia-se no românico sofrendo interferência do estilo colonial e manuelino.
A antiga Igreja do Carmo era composta de uma nave única espaçosa, dois consistórios, sala capitular, outras dependências, torres com sinos portugueses e um cemitério que ficava nos fundos. Em 6 de novembro de 1809, o Padre Francisco Ignácio da Silveira benzia solenemente o novo Templo da Ordem Terceira do Carmo.

Infelizmente estando a igreja mal localizada, no centro de uma rua, o governo do município tenta desapropriar e demolir a igreja para abertura da Rua Dezesseis (Benjamim Constant), devido ao crescimento da cidade. A demolição da igreja ocorre em 1928, segundo proposta do Marechal Francisco José Soares de Andréa nas “Discrições das Emendas ou Adições” feitas ao Arruamento da Vila do Rio Grande de São Pedro.



Devido ao melhoramento da rua, é então posto a baixo o prédio da Ordem do Carmo, já que a mesma parecia um armazém com alguns altares, sem luxo ou objeto de valor. Mas para que a demolição ocorresse o governo tratou a desapropriação junto a Venerável Cúria Diocesana de Pelotas, sendo oferecido um terreno mais amplo em algum lugar da mesma rua ou em outro lugar da cidade, proposta que foi aceita pela Cúria Diocesana. Após acerto com a Cúria os Carmelitas transferiram a igreja para uma casa particular na Rua General Bacelar, onde normalmente o culto religioso acontecia, durando até 1929, servindo de igreja provisória.

No ano de 1929 é lançada a pedra fundamental da nova Casa de Deus, que após a aprovação do projeto do Reverendíssimo Frei Mariano de São José, dá-se início as obras do monumental prédio em estilo Neogótico, a qual representará o progresso, a arte e a devoção de um povo. Com a intensificação das obras foi possível concluir a igreja, mesmo com a transformação do cenário político nacional, com o golpe de Getúlio Vargas, a nova constituição do Estado Novo, não influenciaram nas obras, visto que, Rio grande ainda não tinha se posicionado em relação ao assunto, vindo mais tarde a apoiar Getúlio Vargas. O governo municipal era de responsabilidade do prefeito Doutor Antônio Rocha de Meirelles leite, o qual permanece à frente da administração da Prefeitura Municipal por dez anos.

A construção das torres teve que ser interrompida, uma vez que a situação mundial era de terror pois estávamos na Segunda Guerra Mundial, onde os recursos estavam todos concentrados para a guerra, mesmo o Brasil não participando no primeiro momento do conflito, portando seria necessário manter a obra estagnada o que ficou por muito tempo, sendo construída em 1950. O templo Neogótico foi inaugurado solenemente e oficialmente pelo Bispo Diocesano Sua Excelência Reverendíssima Senhor Dom Joaquim Ferreira de Mello, Sua Excelência Reverendíssima Senhor Dom Antônio Reis, egrégio Bispo de Santa Maria no dia 22 de abril de 1938, havendo uma cerimônia com convidados civis, militares e religiosos e uma festa coroando a benção da mais nova igreja.



Um comentário:

auroratur disse...

No próprio relato tem-se argumento da importância do planejamento... para evitar perdas e conservar e/ou preservar o valor histórico das construções. E, contar para as pessoas da comunidade tudo isso que foi levantado - elas ajudarão a cuidar e multiplicar as informações outros da comunidade e para os visitantes. Maravilha de pesquisa!!!