Patrimônio Histórico e Urbânidade em Rio Grande:

A cidade do Rio Grande por sua tradição histórica e por sua importância dentro do cenário ecônomico do Brasil sul meridional sempre foi uma região de confluência de interesses dos mais diversos povos e de tendências políticas ou ecônomicas. no decorrer destes ultimos duzentos e setenta e três anos a cidade se desenvolveu apesar de todas as dificuldades que enfrentou: problemas com imigração, conflito de fronteiras, dificuldades com a natureza, invasões espanholas e crises ecônomicas. superados esses problemas com muito sangue, suor e lágrimas, foi notável o desenvolvimento desta cidade, pois, muito fácil é observar o crescimento que se consubstanciou na forma de nossos prédios históricos e realizações culturais, entre elas podemos citar: a primeira biblioteca do RS, Câmara de Vereadores, industria textil, linha de bondes regular e refinaria de petróleo do país, entre outras.

Fica estabelecido que é na observação e valorização do nosso rico passado e nas nossas construções históricas que estão as soluções para os problemas de nossa cidade. Hoje nas grandes capitais da Europa o turismo histórico é uma realidade, pense nisso e vamos mudar a conjuntura....


sábado, 14 de fevereiro de 2015

SOBRADO DOS AZULEJOS:

Histórico da construção:

O “Sobrado dos Azulejos” é um dos prédios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) e listado no Patrimônio Histórico Municipal, na cidade do Rio Grande, iniciada sua construção em 1862, foi concluída em 1864, dois anos depois portanto. Em estilo Neoclássico, esta localizado na esquina das ruas Marechal Floriano Peixoto e Francisco Marques, próximo ao porto velho, uma das áreas mais antigas da cidade.

Foi construído para servir de residência ao comerciante Antônio Bonone Martins Vianna. O andar inferior era reservado para o comércio. No final do século XIX, o “London and Brazilian Bank" comprou o prédio para abrir uma filial, permanecendo até a década de 20 do século passado e faliu devido à crise econômica de 1929, quando foi vendido ao comerciante e empresário Luis Loréa em 1938.

Nos últimos anos antes do abandono, o Sobrado serviu como bar na parte térrea e casa de cômodos no andar superior. O sobrado sofreu vários tipos de depredação, tais como: vandalismo, roubo, pichação, intrusão para moradia e outros.  Antes de ser recuperado o Sobrado apresentava um estado deplorável, lixo e vegetação acumularam-se em seu interior e nas platibandas. Os azulejos que o revestiam sofreram um processo de decomposição do esmalte, descascando o mesmo até sobrar apenas a faiança. Suas sacadas estavam enferrujadas, as aberturas apodrecidas e era preciso utilizar madeira nas portas e janelas para o prédio não ser ocupado.

Segundo Symanski (1998), os sobrados do século XIX eram construídos com o objetivo de representação social, demarcando limites entre o público e o privado. O sobrado do Brasil oitocentista, além de possuir valor estético e financeiro, também possuía valor moral e social. A imposição da opulência através da construção esta ligada à unidade domiciliar (família), que desempenha função central e delimitadora entro o público e o privado (lima, 1989). espalharam-se pelas cidades brasileiras, bairros abastados e opulentos e com eles os casarios, solares e sobrados, com a campanha de urbanização do final do século XIX, é neste período que se encaixa a formação da burguesia riograndina.

O século XIX é um período de inovação, não só para a ciência mas também técnico industrial. As letras, a filosofia, a arte, a música e outros elementos europeus passam a ser incorporados no modo de vida riograndino, trazendo consigo as características importadas da Inglaterra e França. Na segunda metade deste século, no Brasil, ocorre à substituição da mão-de-obra escrava pela imigrante, transição de Império para República e é cenário de diversas revoltas. A cidade do Rio Grande passa por profundas modificações em âmbito social e estrutural urbano.

Já no século XX, ocorre o processo de reestruturação do porto velho (próximo ao Sobrado) que o transfere para outro local, próximo a entrada e saída de navios na Barra de Rio Grande. O local no centro da cidade onde se localizava o antigo porto sofre os resultados da transferência, causando um declínio econômico daquela micro-região. Com a mudança do porto para outro lugar, ampliam-se a abertura de cortiços, meretrícios e bares. Em meados do mesmo século a zona compreendida entre as ruas Riachuelo, Silva Paes e Barroso é conhecida como a zona de meretrício, violência e perturbação social. Podemos associar este fenômeno com o mesmo período de abandono e degradação do Sobrado, que sofreu diretamente o impacto das transformações econômicas ocasionadas pela transferência portuária.

Entre as décadas de 60 e 80 do século XX, o Sobrado passou a abrigar um bar noturno, o bar utilizava o espaço térreo do Sobrado, enquanto os cômodos ficavam no andar superior. Em abril de 1998, a Associação Pró-Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (APHAC), de Rio Grande, adquiriu o prédio com verba doada pelo Grupo Ipiranga, o qual promoveu sua restauração.


Referências: Pestana, Marlon. Contribuição para o registro arqueológico no Sobrado dos Azulejos. Rio Grande, 2003.




Um comentário:

Marlon Borges Pestana disse...

Parabéns Jefferson! Excelente trabalho meu amigo, obrigado pela seriedade e compromisso com a produção histórico-arqueológica de Rio Grande - RS! Um abraço!