Histórico
da construção:
O “Sobrado dos Azulejos” é
um dos prédios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico do Estado (IPHAE) e listado no Patrimônio Histórico
Municipal, na cidade do Rio Grande, iniciada sua construção em
1862, foi concluída em 1864, dois anos depois portanto. Em estilo
Neoclássico, esta localizado na esquina das ruas Marechal Floriano
Peixoto e Francisco Marques, próximo ao porto velho, uma das áreas
mais antigas da cidade.
Foi construído para servir de
residência ao comerciante Antônio Bonone Martins Vianna. O andar
inferior era reservado para o comércio. No final do século XIX, o
“London and Brazilian Bank" comprou o prédio para abrir uma filial,
permanecendo até a década de 20 do século passado e faliu devido à
crise econômica de 1929, quando foi vendido ao comerciante e
empresário Luis Loréa em 1938.
Nos últimos anos antes do
abandono, o Sobrado serviu como bar na parte térrea e casa de
cômodos no andar superior. O sobrado sofreu vários tipos de
depredação, tais como: vandalismo, roubo, pichação, intrusão
para moradia e outros. Antes de ser recuperado o
Sobrado apresentava um estado deplorável, lixo e vegetação
acumularam-se em seu interior e nas platibandas. Os azulejos que o
revestiam sofreram um processo de decomposição do esmalte,
descascando o mesmo até sobrar apenas a faiança. Suas sacadas
estavam enferrujadas, as aberturas apodrecidas e era preciso utilizar
madeira nas portas e janelas para o prédio não ser ocupado.
Segundo Symanski (1998), os
sobrados do século XIX eram construídos com o objetivo de
representação social, demarcando limites entre o público e o
privado. O sobrado do Brasil oitocentista, além de possuir valor
estético e financeiro, também possuía valor moral e social. A
imposição da opulência através da construção esta ligada à
unidade domiciliar (família), que desempenha função central e
delimitadora entro o público e o privado (lima, 1989). espalharam-se
pelas cidades brasileiras, bairros abastados e opulentos e com eles
os casarios, solares e sobrados, com a campanha de urbanização do
final do século XIX, é neste período que se encaixa a formação
da burguesia riograndina.
O século XIX é um período
de inovação, não só para a ciência mas também técnico
industrial. As letras, a filosofia, a arte, a música e outros
elementos europeus passam a ser incorporados no modo de vida
riograndino, trazendo consigo as características importadas da
Inglaterra e França. Na segunda metade deste século, no Brasil,
ocorre à substituição da mão-de-obra escrava pela imigrante,
transição de Império para República e é cenário de diversas
revoltas. A cidade do Rio Grande passa por profundas modificações
em âmbito social e estrutural urbano.
Já no século XX, ocorre o
processo de reestruturação do porto velho (próximo ao Sobrado) que
o transfere para outro local, próximo a entrada e saída de navios
na Barra de Rio Grande. O local no centro da cidade onde se
localizava o antigo porto sofre os resultados da transferência,
causando um declínio econômico daquela micro-região. Com a mudança
do porto para outro lugar, ampliam-se a abertura de cortiços,
meretrícios e bares. Em meados do mesmo século a zona compreendida
entre as ruas Riachuelo, Silva Paes e Barroso é conhecida como a
zona de meretrício, violência e perturbação social. Podemos
associar este fenômeno com o mesmo período de abandono e degradação
do Sobrado, que sofreu diretamente o impacto das transformações
econômicas ocasionadas pela transferência portuária.
Entre as décadas de 60 e 80
do século XX, o Sobrado passou a abrigar um bar noturno, o bar
utilizava o espaço térreo do Sobrado, enquanto os cômodos ficavam
no andar superior. Em abril de 1998, a Associação Pró-Preservação
do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (APHAC), de Rio
Grande, adquiriu o prédio com verba doada pelo Grupo Ipiranga, o
qual promoveu sua restauração.
Referências: Pestana, Marlon.
Contribuição para o registro arqueológico no Sobrado dos Azulejos.
Rio Grande, 2003.
Um comentário:
Parabéns Jefferson! Excelente trabalho meu amigo, obrigado pela seriedade e compromisso com a produção histórico-arqueológica de Rio Grande - RS! Um abraço!
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